Conforme o modo como vemos a vida, podemos abrandar ou agravar os nossos sofrimentos
Um exemplo bem claro disso aconteceu em nossa clínica há alguns anos.
Uma senhora aparentando ser portadora de um equilíbrio incomum dirigiu-se a nós dizendo precisar de nosso concurso terapêutico, como médico e homeopata, mas que talvez nós não fôssemos capazes de compreender o que ela sentia.
Pedimos que tentasse nos explicar e assim ela começou a relatar:
“Sou evangélica, trabalho como missionária, estudo a Bíblia há muitos anos e tenho uma fé inabalável em Deus. Estou falando isso para que você compreenda o que eu pretendo relatar.
Há quatro anos meu filho foi atingido por uma bala perdida e faleceu. Em nenhum momento, questionei os desígnios divinos.
Não sofro por ele ter partido assim tão subitamente. Na verdade, nem acredito que tenha vindo aqui por causa de algum sofrimento. E é por isso que penso que você terá dificuldade para entender o que vim relatar. Não vim até aqui por sofrer, mas por estar cheia de amor por meu filho e não saber como dar vazão a esse sentimento”.
Nesse momento, perguntamos a ela como ela via, como evangélica e missionária, a questão da morte. Onde estaria a alma de seu filho nesse momento?
E ela me respondeu: “Dormindo o sono eterno ao lado de Deus, aguardando o Juízo Final”.
Imediatamente percebemos estar diante de uma dor causada pela forma com que ela via a questão do destino do Espírito após a morte do corpo físico.
Como médico cristão, jamais poderíamos alterar sua forma de crer, não seria ético. Então, como ajudar?
Nessa hora, tivemos uma intuição e lhe perguntamos: “Minha irmã, quando seu filho dormia, na cama ao lado de seu quarto, você não podia amá-lo?”
Ao que ela respondeu: “Muito! Não raras vezes eu me dirigia ao seu quarto, olhava demoradamente para ele e deixava que meu amor o envolvesse”.
Então, redargui: “Mas, minha senhora, ele estava dormindo...!”.
Ela, imediatamente, replicou: “Mas eu sei que ele me sentia...”.
Então, concluí meu raciocínio para tentar mudar o conceito daquela mulher: “Então, minha irmã, se ele, dormindo ali ao seu lado, a senhora acreditava que ele podia senti-la, eu não entendo por que agora, que ele dorme ao lado de Deus, ele não registraria seu amor”.
Naquele momento, a expressão facial dela mudou completamente, como se um brilho novo iluminasse seu olhar. E ela, sem perceber, exclamou em voz alta: “Meu Deus, por que não pensei nisso antes”. E se levantou e saiu, como se nem tivesse estado ali. Mas, imediatamente após passar a porta do consultório, ela voltou, olhou-me ternamente e me disse: “Obrigada, muito obrigada”.
E se foi... Nunca mais a vi.
Naquele momento pensamos na imensa sabedoria de Allan Kardec quando nos apresentou esse raciocínio: “Conforme a maneira de ver a vida o indivíduo pode abrandar ou agravar seus próprios sofrimentos”.
José Antonio Vieira de Paula
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